quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Como foi a "Expedição 6 fronteiras" - Parte final

Na postagem anterior publicamos a primeira parte da narrativa de nosso querido amigo Dudu (Carlos Eduardo) sobre sua última aventura. Ele detalhou como foi a passagem pelas mais belas paisagens Peruanas, a formação de novas amizades de estradas e os imprevistos de um desafio como este.
Agora vamos acompanhar os quatro motociclistas do MOTO CLUB DE CAMPOS na última parte desta narrativa da expedição “Seis Fronteiras”. As fotos desta viagem podem ser acessam no nosso Facebook (clique aqui). Boa leitura:

“Para se chegar a Puno (Peru), pegamos mais subida e frio, e, por incrível que pareça, foi onde todos nós sentimos os efeitos da altitude. Chegando a Puno, nem descemos da moto e um guia local nos parou para vender um bilhete para a última saída do passeio pelo Titicaca daquele dia. Não pensamos duas vezes, guardamos nossas motos em um estacionamento e fomos todos de preto, cansados, direto para o Titicaca (entre Peru e Bolívia). Nessa altura, Cezar que ainda estava com o grupo, surge com vários sacos de pipoca, já que não achamos lugar na estrada para uma boa alimentação. Salvou-nos novamente.
Chegando do passeio o guia nos levou para um hotel e lá sentimos claramente os efeitos do dia puxado: cansaço e dor de cabeça. Tomamos um banho e saímos naquele frio para comermos algo e na saída o Cezar nos abordou dizendo que no dia seguinte não iria continuar a viagem com o grupo.  Uma pena, mas foi a melhor decisão. Nós estávamos sem garupa e ele ainda com a esposa, o ritmo era outro. Além de sua saúde merecer um ritmo menos agressivo. No outro dia pela manhã, visivelmente emocionado, nosso mais novo amigo de infância se despediu do grupo. Mas com a certeza de novos irmãos de estrada, uma amizade que será levada por toda nossa vida.
Deixamos o Titicaca e encaramos a estrada.  Altitude, frio, pedaços de gelo na pista e a notícia de que o caminho de Cuzco para Puno estava interditado.  Havia chovido bastante e parte da estrada foi destruída.  Assim como a estrada de Puerto Maldonado para Cuzco que passamos.......bom, ficou pra trás.


Fizemos aduana em Tacna (Peru) e fomos direto para Arica, no Chile.  Nos hospedamos e saímos logo pela manhã a procura de um novo pneu para a moto de Zé Amaro.  Na loja fomos informados que não tinha a medida do pneu. Mas eis que entra um mecânico no estabelecimento e diz que achava que tinha esse pneu em sua oficina.  Era de uma moto que tinha feito o Rali Dakar.  Com a confirmação, fomos até a oficina ver o pneu, que estava em bom estado e Zé e Sérgio saíram para trocar.  Na volta, o mecânico Igor, que também é apaixonado por motos, nos ofereceu um tour pela cidade.
Vejam só! Ele fechou sua oficina na hora do almoço e nos levou para conhecermos toda Arica.  Ele ficou cerca de duas horas e meia nos apresentando a cidade e deixou marcado para a noite uma volta e uns “traguitos”.  Para nossa surpresa, na hora combinada, Igor aparece com vários amigos de motocicleta no hotel, saímos todos juntos, fizemos um tour a noite e paramos em um bar onde comemos, bebemos, batemos um bom papo e na hora da conta, não nos deixaram pagar!  Troca de telefones, e-mail e saímos dali com vários amigos chilenos que nos receberam da melhor forma possível.  Como se estivéssemos em casa.  Obrigado Zé Amaro por proporcionar esse tour com a compra do pneu, kkkkk.
Obs.: o pneu custou 30% da conta do bar!


Dica: Em viagens neste período e nesta região tenham muito cuidado com gelo na pista, com animais soltos, com as pedras soltas e com a neblina.
Partimos para Iquique, ainda no Chile.  Lá se encontra uma zona franca.  Só que o padrão de vida do chileno é muito alto e mesmo na zona franca os preços não eram tão atraentes.  Aproveitei para comprar um pneu traseiro, pois o meu não agüentaria chegar ao Brasil.
Depois das compras pegamos as motos e fomos em direção a San Pedro do Atacama (Chile). Porém pela hora tivemos que dormir no caminho em uma cidade chamada Maria Helena.  Uma cidade que parece ser um dormitório para funcionários de uma indústria que se localiza perto.  Casas de madeira e ninguém nas ruas. Parecia até uma cidade fantasma.  Com custo achamos um local para dormir porque estávamos muito cansados.
No outro dia sem café da manhã (era pedir demais) saímos para o Atacama.  No caminho encontramos um brasileiro (o Daniel), que também estava em uma Suzuki V Strom, e havia parado na placa sinalizadora de San Pedro do Atacama para tirar fotos.  Conhecemos-nos e ele passou os três dias seguintes juntos com nosso grupo.
Em San Pedro do Atacama passamos por vários brasileiros de motocicleta, aliás, a partir deste trecho os motociclistas brasileiros, especialmente do sul do país, apareciam aos montes, talvez por ser um passeio mais curto.  Conhecemos o salar, vimos os flamingos, visitamos o vale da lua ou “valle da Luna” e por último os gêiseres, que foram uma atração a parte.  San Pedro do Atacama realmente possui várias belezas naturais, mas o que chamou atenção foram as regras duras quanto a proibição do consumo de bebida alcoólica na rua e os bares são obrigados a fechar as portas as 00h30minh.  Restaurante que só vende bebida se você consumir algo para comer. Para nós brasileiros isso tudo é muito estranho
Descansados e extasiados com Atacama, pegamos estrada em direção ao Paso de Jama onde faríamos aduana com a Argentina.  O Daniel resolveu sair mais cedo, e realmente ficamos enrolados na saída do hotel, mas para nossa surpresa ele ficou cerca de 2 horas na aduana esperando uma excursão inteira fazer a aduana, kkkk. Fizemos bem rápido.  Existia a expectativa de muito frio, mais altitude e a medida que os quilômetros iam passando, nos deparamos com um dia bom, sol brilhante e temperatura agradável.  Melhor assim!
Já em território argentino, nos deparamos com a beleza do salar Salinas Grandes, um verdadeiro espetáculo da natureza.  No caminho cruzamos com o rali mais famoso do mundo: Rali Dakar.  Estar ali naquele momento era presenciar algo tão grandioso que a energia nos era passada.


Neste dia paramos cedo em uma cidade argentina chamada General Guemes, pois no dia seguinte pegaríamos um trecho grande, com pouquíssimas opções de parada para dormir e com uma reta! Antes de sair aproveitei para trocar o pneu. O arame já estava à mostra e depois de tanta reta, enfim chegamos a cidade de Corrientes (Argentina), onde dormimos e nos preparamos para duas aduanas: Argentina – Paraguai e Paraguai – Brasil.
Passamos com tranqüilidade e chegamos relativamente cedo em Foz do Iguaçu.  Já estávamos em casa, no Brasil. Primeira coisa em território brasileiro: fazer uma boa alimentação!
Acordamos em Foz com um aniversariante.  Zé Amaro!  Procuramos uma concessionária para ajustes nas máquinas, Zé trocou pneu, ajustou a suspensão dianteira e trocou óleo, Gaúcho trocou pinhão e eu regulei farol e troquei óleo.  Enquanto as motos estavam no SPA, Sérgio e eu fomos apresentar as cataratas a Gaúcho e Zé.  Um espetáculo da natureza para o aniversariante do dia. Não poderia faltar o Chopp da noite!
Dia seguinte uma meta: passar de São Paulo, mas no caminho tive que parar em Maringá (Paraná) para trocar minha corrente, pois em Foz do Iguaçu não encontrei.  Depois da troca e do temporal que arrancou árvores em Maringá, pegamos as motos e fomos em direção a São Paulo.  Resultado: dormimos em São José dos Campos (São Paulo). Estávamos a 610 km de casa, pegamos uma estrada tranqüila até o Rio de Janeiro. Chegando lá, que trânsito!  Era o início de um feriadão para os cariocas, putz.  Achamos bons corredores entre os carros e enrolamos o cabo. 
Nos últimos quilômetros, um filme ia passando em nossas mentes.  Que viagem! Quase 30 dias de prazer em cima de duas rodas.  Boas risadas, bons companheiros, novas amizades e uma vontade de fazer tudo de novo. Então, chegamos com todo cuidado do mundo, afinal, não poderíamos acabar mal.
Na casa do Sérgio, nossas esposas nos aguardavam com toda saudade e satisfação pelo nosso feito.  Comemos uma bela feijoada e bebemos aquela cerveja gelada brindando o final de uma excelente aventura! Ou será que brindamos o início da próxima?”


Autoria e fotos:

Carlos Eduardo Caldas

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